domingo, 20 de março de 2011

Texto retirado do blog : Desculpe, não ouvi.

  Gente, esse texto diz exatamente tudo o que sempre quiz dizer para as pessoas.     


    Para lidar com um surdo oralizado, as dicas são:

- Fale com naturalidade, afinal, ele lê seus lábios e quanto mais natural for sua maneira de falar, melhor será a compreensão. Se você tiver o hábito de falar rapidamente, tente diminuir um pouco a velocidade.

- Não exagere na articulação. Um surdo oralizado lê os lábios e a posição da língua, não a movimentação do maxilar.

- Não ache que por que ele usa aparelho, significa necessariamente que ele compreende o que você diz, auditivamente. Portanto, procure falar sempre de frente pra ele, de maneira que sua boca esteja visível.

- Se ele lhe pedir para repetir, não é por má vontade de lhe compreender. A leitura labial não é igual a ouvir, ela pode demorar um pouco mais na compreensão ou ser interrompida por coisas bobas, tipo uma simples virada momentânea de cabeça.

- Se você não compreender algo que ele disser, avise. Ele é consciente da limitação dele e não teria porque se ofender com um simples, ”por favor, repita?”.

- Evite falar com eles em locais pouco iluminados. A iluminação adequada é essencial para a leitura labial. Vale qualquer improvisação: lanterna, luz de celular, etc.

- Ler os lábios via espelho é perfeitamente possível. Estando no carro, num cabeleireiro ou numa loja, por exemplo, se o espelho estiver posicionado de maneira acessível, pode abusar dele sem dó.

- Ler os lábios de lado é difícil. De cabeça pra baixo, é praticamente impossível. Se a posição não for favorável (vai saber onde a conversa se dá, né?) aguarde estarem com as cabeças viradas pro mesmo lado.

- Falar mastigando, além de não ser de boa educação, torna a leitura labial sofrida, porque vários movimentos feitos não fazem parte da conversa, portanto, é melhor esperar engolir antes de prosseguir o diálogo.

- Nem sempre um surdo oralizados lida bem com piadinhas. Já vi reclamarem,  inclusive aqui no blog, que ser chamado de “surdinho” é ofensivo. Portanto, a menos que você tenha intimidade e cartão verde, evite piadas com a condição da pessoa, mesmo que ela faça piada consigo mesma.

- Conversar numa balada com luz estroboscopia é complicadissimo. Procure um lugar melhor iluminado.

- Se você tiver curiosidade de conversar em Libras, pergunte se a pessoa tem fluência nesse idioma. Se ela tiver (for bilíngüe) terá prazer de conversar com você dessa forma. Do contrário, seria como exigir que ela converse num idioma que ela não tem fluência. Lembre-se, mímica feita de qualquer jeito não é língua de sinais e nem sempre um oralizado acha divertido brincar disso.

Quem lembrar de alguma outra dica, fique a vontade de comentar. Sugestões são sempre bem vindas.
Outra coisa, não posso falar por todos os surdos oralizados do planeta, mas falo por mim, se você tem curiosidade de saber sobre  a história dele, pergunte.

Na duvida,  o faça de maneira educada: “Você se importa de falar sobre isso?”. A maioria das pessoas costuma sentir-se à vontade pra falar de sua condição, quando a abordagem é acolhedora.

Melhor do que ficar deduzindo, por exemplo e soltar um grosseiro “ah, mas todo surdo nasce surdo, né?”.

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